Recém-lançado no Brasil o livro Vejo a terra prometida reconstitui por meio de quadrinhos a história de vida e luta de Martin Luther King (1929 – 1968), líder do movimento pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos durante a década de 1960. Originalmente publicado na Índia, o livro traz uma linguagem didática à compreensão de momentos dos mais cruéis da história do mundo contemporâneo.
Resultado de trabalho do poeta afro-americano Arthur Flowers, do artista plástico bengalês Manu Chitrakar e do designer italiano Guglielmo Rossi, a obra de 144 páginas tem como base as tradições indianas de contação de histórias por meio de imagens. O livro aproxima a arte bengalesa de pintura de pergaminhos à narrativa dos quadrinhos e tem como foco a sensibilidade do leitor.
Contextualização – A frase que dá título a obra faz parte do último discurso feito por Martin Luther King, em abril de 1968. “Eu estive no alto da montanha… e contemplei a Terra Prometida”, disse o ativista. A narrativa enfatiza um clima repleto de olhares conforme as exigências da época marcada pelo medo, pela violência e pela revolta a partir das presenças de personagens negros, indianos e da Ku Klux Klan – organização racista norte-americana.
Na época, os negros eram obrigados a seguir uma vida paralela ao cotidiano dos demais habitantes dos Estados Unidos. O exemplo mais conhecido de luta contra a chamada segregação racial no país foi a repercussão do caso Rosa Parks, uma mulher negra que se negou a oferecer lugar a uma branca no transporte público e foi presa em 1955. Em protesto, Luther King e outras lideranças negras organizaram boicotes ao transporte coletivo que duraram um ano, até que a discriminação racial fosse declarada crime.
Ativismo – O livro também destaca momentos de derrota e de indecisão vividos pelo líder negro que defendeu sua causa com uma campanha de não-violência e de amor ao próximo. Em 1963, Luther King mobilizou mais de 200 mil civis para uma marcha pelo fim da segregação, em Washington. Da manifestação, nasceram as bases para uma nova Lei dos Direitos Civis, de 1964, e a lei dos Direitos de Voto, de 1965, nos Estados Unidos.
Ainda em 1964, Martin Luther King recebeu o Prêmio Nobel da Paz. Logo depois, se uniu a movimentos civis contra a Guerra do Vietnã. Em 1968, foi assassinado a tiros por um opositor na cidade de Memphis, onde apoiava uma greve de coletores de lixo. Em seu discurso mais famoso, intitulado Eu tenho um sonho, Luther King revelou seu maior desejo, o de que “…um dia, nas colinas vermelhas da Geórgia, os filhos de ex-escravos e os filhos de ex-senhores de escravos possam se sentar juntos à mesa da fraternidade”.
Serviço
Quadrinhos: Vejo a terra prometida
Ano: 2011
Autores: Arthur Flowers, Manu Chitrakar e Guglielmo Rossi
Tradução: Marcelo Brandão Cipolla
A fonte deste texto é: Daiane Souza/Fundação Cultural Palmares
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